Trabalhar na comunicação política é viver de muito bastidor e de pouco palco. Essa talvez seja uma das primeiras lições que aprendi nesses mais de 20 anos de estrada.
Em tempos em que a imagem vale mais do que a entrega, é fácil se perder na comparação com aquilo que vemos nas redes sociais. A vida real, porém, é bem diferente.
A ilusão da comparação
Recentemente, uma colega me disse algo que poderia ter saído da boca de muitos:
“Bruno, vivo na sombra de deputado, mal pago minhas contas, só leio jornais, parei de estudar… quando comparo meu currículo com o que vejo no LinkedIn, parece que fracassei.”
Esse é um sentimento comum. Afinal, as redes sociais criaram uma vitrine onde se vendem currículos polidos, títulos inflados e até seguidores comprados. É um mercado de aparências.
No marketing político, isso é ainda mais evidente: fotos em eventos lotados, amizades instantâneas, palestras ensaiadas. Muita coisa parece, mas pouca coisa é de verdade.
O bastidor é pesado, mas real
Eu mesmo já vivi situações em que o palco parecia enorme, mas a realidade nos bastidores era outra.
Em 2024, por exemplo, conduzimos mais de 40 campanhas políticas no Rio e em São Paulo. Nas redes, o que aparece é o registro final: vídeos, jingles, discursos de vitória. Mas o que quase ninguém vê são as madrugadas viradas em QGs improvisados, os conflitos internos de equipe, a pressão diária de candidatos que apostam tudo naquela eleição.
Foi justamente esse “peso do bastidor” que me fez entender: as redes sociais mostram a espuma, mas o trabalho verdadeiro está na água que corre por baixo.
O espetáculo e a saúde mental
A armadilha é clara: muita gente gasta energia tentando sustentar uma imagem, mesmo sem entrega. Pagam para estar em eventos, aceitam absurdos para aparecer perto de “players”, publicam livros que ninguém lê ou sequer escreveram.
Por trás desse espetáculo, escondem-se carreiras instáveis, contas no vermelho e uma saúde mental frágil.
E aqui entra outro ponto: sucesso não é igual para todos. Na minha trajetória, cada avanço — seja a venda de um projeto, a mudança de endereço dos estúdios ou a conquista de um cliente difícil — veio acompanhado de suor, frustrações e lágrimas. E é isso que nunca aparece em uma legenda.
A realidade que importa
Seguidores não pagam boletos.
Aplausos digitais não garantem realização.
E felicidade não cabe em uma postagem de 300 caracteres.
O que sustenta de verdade uma carreira é o bastidor sólido: competência, consistência e resiliência.
Portanto, não caia na armadilha da comparação. Separe o joio do trigo. Lembre-se: nem tudo que parece, verdadeiramente é.
👉 E você, também já se sentiu sufocado pela comparação nas redes? Me conta nos comentários: como você equilibra o que vê online com a realidade do dia a dia?
